Os primórdios
A convite do Padre Azevedo duas raparigas do grupo de jovens da nossa paróquia aceitam o desafio de criarem um grupo de escuteiros. São elas Luísa Marques e Cristina Alves. Estamos no ano escutista 1976/77 e, para sede, é lhes emprestada a antiga adega da Telha através de contactos do Pe. Azevedo. Começam a aparecer os primeiros elementos prontos a ingressar no escutismo, futuros lobitos, convidados na catequese. Este grupo contou com 31 elementos que se dividiam em quatro bandos: branco, preto, cinzento e ruivo. Entre estes primeiros lobitos pode-se referir o nome de Isabel Letras ainda hoje escuteira e assume as funções de Dirigente. As reuniões começam a ser aos Domingos de manhã dentro da própria sede. No actual espaço da alcateia, havia uma área aberta nada similar ao que se vê hoje, a sede era um espaço tão amplo que quase todos os jogos eram feitos lá dentro. As reuniões contavam com a presença do pároco, assim como da Chefe da Alcateia do Agr. 74, Helena Castro Pinto que se deslocavam à nossa sede para ajudar as caminheiras Luísa Marques e Cristina Alves a coordenar estes lobitos. Aos sábados passava-se o contrário, eram as caminheiras que iam ajudar a Chefe Helena com os lobitos na Igreja de Santa Cruz. O primeiro acampamento realizou-se na Praia da Formiga, na margem do rio Coina, com o tema “ Piratas e Ladrões”, com a duração de um fim-de-semana, contando com a presença do Chefe da PSP todas as noites.
Num espaço de dois/três anos o Agr. em formação resume-se unicamente a uma alcateia. Através da Chefe Helena começa-se a contactar com o Chefe Álvaro, grande dinamizador do escutismo no Barreiro e fundador do Agr. 690 – Barreiro. O Chefe Álvaro conseguiu na segunda metade da década de 70 criar um “pseudo-núcleo” escutista no Barreiro em que todos os agrupamentos do Barreiro e redor acampavam juntos. Duas vezes por ano todos os lobitos e, mais tarde , exploradores acampavam durante seis dias seguidos em locais como Herdade da Ferraria, Calhariz, Aiana, Quinta do Álamo, Fonte de Negreiros e Mata da Machada. É com este chefe que se começa a ter contacto com espaços mais indicados para acampamentos. Já no ano de 1977/78 a alcateia participou num grande acampamento na Quinta do Álamo em que todos iam apanhar boleia do Sr. Vítor na praia que os levava de barco até à margem oposta, indo a pé até ao Álamo. Para além deste grande acampamento fazia-se muitas saídas de fim-de-semana até à Mata da Machada e Fonte de Negreiros.
Em 1978/79 consegue-se a filiação da Alcateia com o n.º 25 pertencente ao Agr. 74 Barreiro, mas esta funcionava no mesmo espaço. Esta designação “n.º 25” permanece até à filiação do futuro agrupamento 927, onde terá uma nova identificação. Já começam a haver exploradores juniores ( IIª Secção). Faz-se um grande acampamento de Páscoa no Calhariz ( 6 dias) e que tinha como tema “Os Romanos”. É a primeira aventura deste pseudo-núcleo criado pelo Chefe Álvaro. participaram os agrupamentos da Baixa da Banheira, Santo António, 74 – Barreiro, Alhos Vedros e Santo André. Contava-se com um efectivo de 191 elementos presente em campo. Outro grande acampamento desse ano foi no Verão, com o tema “Maríndios” que se realizou na Lagoa de Albufeira e estiveram os agrupamentos de Santo André e futuro 690 ( anexado ao 74 enquanto em fase de formação). Estamos em 1979/80 e o ideal escutista continua a crescer embora lentamente. Neste ano já existem duas patrulhas de exploradores ( Gazela e Esquilo). No dia 3 de Fevereiro de 1980, realizam-se as primeiras promessas de lobitos do agrupamento ainda em formação. O sistema de acampamentos continua com a mesma base: dois grandes acampamentos por ano e várias saídas de fim-de-semana. Começa a reinar um princípio que aos poucos se tinha estabelecido: participar sempre em todos os Jogos da Primavera e em todas as actividades regionais. Houve também um grande acampamento de Verão no Convento da Arrábida juntamente com o Chefe Álvaro em que tinham como objectivos de serviço a limpeza do convento, arranjo e limpeza de telhados, jardinagem, corte de ervas daninhas….
Aparecimento de Caminheiros e o apoio destes
Na década de 80 começa uma nova fase no agrupamde Santo André. ento em formação A Alcateia já estava filiada e já havia exploradores. Noções de escutismo e vida em acampamento já tinham dado os primeiros passos e é por esta altura que começam a parecer jovens com idades compreendidas pelos 17/18 anos interessados pelo escutismo, muitos deles vindos do Bairro 25 de Abril. Caso exemplar é o caminheiro Demétrio que inicia em 1980/81 um período de chefia que dura mais ou menos 6 anos. Torna-se o principal responsável da IIª Secção juntamente com a Luísa Marques.
Em 1982/83 realiza-se o XVI Acanac na Quinta de Santo António em Sesimbra de 01 a 07 de Agosto de 1983. Participam nele alguns caminheiros e também a Cristina Alves.
Nos dois anos seguintes o agrupamento assiste a grandes transformações: uma das fundadoras do agrupamento ( Cristina Alves ) decide abandonar o projecto. Entretanto a IVª Secção tinha atingido o seu pleno: forma-se um clã com cerca de 18 elementos. Com a saída da Cristina alguns destes caminheiros são convidados a servirem nas secções e depois quando tivessem mais tempo, aí faziam as actividades referentes à sua secção. Destacam-se nomes e alcunhas: Tó “Panelas” e “Pisco” com a Alcateia; Demétrio e Jaime com os exploradores juniores; Paulo Branco com os exploradores seniores ( embora estivesse primeiro com os juniores). Também os caminheiros Barradas ( não confundir com o Pedro Barradas!), “ Paulinho”, Óscar e Margarida ajudam nas secções consoante a necessidade destas, mas permaneceram muito mais tempo no clã. Entretanto os problemas não deixam de existir, com um efectivo cada vez maior e um dirigente para todo o agrupamento, arduamente o agrupamento se mantém. Continuando com o mesmo objectivo de se fazer escutismo em Santo André acampamentos não faltaram, fazendo-se actividades de 15 dias no convento da Arrábida em que tinham um frade a guardar todo o convento. Também houve grandes acampamentos em Tróia, Calhariz (Ex: Carnaval de 1985) e Fonte de Negreiros (Ex: Páscoa de 1985) .
Em 28/07/1985 realizam-se as primeiras promessas de juniores (actuais exploradores) do agrupamento ainda em formação.
Em 1986/87 passam para pioneiros alguns elementos da primeira alcateia. Já existe um acampamento (24 e 25/01/1987) com a presença da quatro secções no Parque-Escola da Arrábida ( hoje Centro de Educação Ambiental da Arrábida – CEADA). Começam a ser construídos os actuais espaços da IIª e IIIª secções no 1º andar; antes disto haviam quatro equipas encostadas à parede que, na sua frente, dava espaço para uma secção inteira reunir. Com o aumento de escuteiros nestas secções surgiu a necessidade de se criar novos espaços para as patrulhas. Os seniores fazem um grande empreendimento com o Paulo Branco com o tema “ raid nas praias” ( 10 dias): consistia em fazer um raid a começar na sede, ir a pé até à Arrábida ( ou à boleia consoante a oportunidade!) subir a mata do Vidal e dormir em Alportuche. No dia seguinte subir a serra e acampar no castelo de Sesimbra. O percurso acabava na Fonte da Telha passando pelo Cabo Espichel, Lagoa de Albufeira e Meco. Episódio caricato foi ter-se acabado a comida a uns dias do final da actividade e estes seniores terem de ajudar os pescadores com as redes para ver se lhes davam uns peixes em troca. Também neste ano as dificuldades continuam, a Luísa começa a ter menos disponibilidade para o agrupamento e desde setembro deste ano escutista que deixa de haver clã progressivamente. Começa então uma outra fase.
Em 26/06/1988 realizam-se as primeiras promessas de Caminheiros do agrupamento ainda em formação.
Organização interna
Finais da década de 80. O agrupamento começa a mostrar sinais de organização e regulamentos do CNE, embora com grandes dificuldades. A Junta Regional em 1987/88 anuncia ao nosso agrupamento que há vagas no CIP ( Curso de Iniciação Prática) para quem quiser participar. Não há equipas de caminheiros e os pioneiros que tinham acabado de transitar da IIª para a IIIª secção dois anos antes são agora convidados a passar para a IVª. São exemplo disso o Carlos Amaral, João Salgueiro, António Coelho, Isabel Letras e Pedro Barradas. Os seniores pensam em editar um jornal de secção, o “Possível”, para mostrar as suas actividades e também como campanha de fundos. Começam-se a fazer Conselhos de agrupamento e conselhos de Guias , eventos nunca antes realizados com frequência e objectividade. Pedro Barradas decide tirar o CIP que se realiza no Parque do AEP na Costa da Caparica. É a partir deste momento que se começa a conhecer um novo local para acampamentos.
Em 1988/89 após haver um “cipista” no agrupamento, surge uma nova restruturação nas equipas de animação: a Luísa deixa o Agrupamento regressando anos mais tarde; o Chefe Russo e sua esposa Bárbara entram para o movimento ficando com a responsabilidade da animação da Alcateia; A Isabel Letras assume a IIª Secção juntamente com o Barradas; a IIIª é dirigida pelo Paulo Branco e Carlos Amaral ( embora o Paulo Branco comece uma fase de menos disponibilidade ficando o Amaral à frente da secção durante a ausência do Paulo Branco); os caminheiros continuariam na mesma situação dando todo o apoio para as restantes secções.
A 15 de Fevereiro passam para caminheiros os elementos José Varela e Luís Rodrigues.
Idealiza-se para 23 de abril de manhã a realização das Promessas e à tarde realizar-se-ia um jogo de cidade para comemoração do 66º aniversário do CNE, mas no entanto não se chega a concretizar passando a data das Promessas para 1 e 2 de Julho.
A 4 de Maio chegam ao agrupamento as novas propostas educativas para a IIIª secção. A chefia de Agrupamento organiza o “Curso CB 89” que começa a 9 de junho e, nas festas do Barreiro, num espaço de 3×6 m, são apresentados num mapa os locais para onde se conseguiu contactar com o rádio CB. A 15 de junho é criado também um novo estatuto interno onde são regulamentadas as condições de pagamento de quotas. Para infelicidade dos seniores estes não participam no AcaReg a 31 de Julho.
O ano da filiação
O ano derradeiro em que se dá o grande passo em direcção à filiação é em 1989/90. Com os requisitos mínimos para a funcionalidade de um agrupamento, o futuro 927 continua o seu objectivo. Nas secções as equipas de animação continuam as mesmas. Em fevereiro há um acampamento de agrupamento com a duração de duas noites na Lagoa de Albufeira que inicialmente seria na Ferraria. Este acampamento contou com ateliers de rádio CB e Socorrismo.
O regulamento interno de agrupamento começa a emergir: as inscrições da IIª e IIIª secções têm data limite de 31 de dezembro enquanto os lobitos poderão ser inscritos até ao final do ano escutista; os escuteiros começam a preparar a última eucaristia de cada mês; as secções são obrigadas a entregar os seus relatórios de contas nos conselhos de agrupamento. Caminhando passo a passo, a Junta Central a 20 de dezembro anuncia a provável data de filiação de agrupamento – 23 de Março. O Pedro Barradas tira o CAL ( Curso de Animação Local e é o elemento mais novo a tirar este curso) assim como a Isabel e Carlos Amaral tiram o CIP. Com algum material didáctico o nosso agrupamento começa a empreender-se numa concepção mais pedagógica, adquire-se um projector de slides assim como um protocolo com a Câmara do Barreiro para aquisição de canoas ( ainda existentes). No entanto, um mal que há muito permanecia – a falta de elementos. Surge com isto o convite da chefia aos então seniores José Eugénio, Vítor “ caracóis” e Batista para passarem para a IVª Secção. Estes elementos aceitam o convite mas na condição de só fazerem actividades com os caminheiros, continuam a pertencer ao grupo sénior.
Na sede surgem alterações: no 1º andar já tínhamos assistido à remodelação das patrulhas, agora é vez da alcateia. A 20 de Dezembro são indicados prazos para a sua finalização: 31 de Janeiro. A seu cargo ficam os seniores: a equipe Castor com a instalação eléctrica e a equipe panda com as madeiras. A equipe preguiça fica responsável por caiar a sede. Para se debater os últimos pontos é agendado um Conselho de Agrupamento para 03 de Março.
A 31 de Janeiro infelizmente não se assiste à finalização dos trabalhos na Alcateia mas recebe-se notícias da Junta Central: a data para filiação de agrupamento é 08 de Abril e nessa data realizar-se-ão as promessas. Passado uma semana estabelece-se nova data para os trabalhos na alcateia – 25/26 de Fevereiro e no mesmo dia Paulo Branco pede aos pioneiros um mês para pensar na sua situação devido à sua grande indisponibilidade e sistemática ausência no grupo sénior.
A 08 de Abril de 1990 é filiado o agrupamento em formação de Santo André com a designação de “Agrupamento 927 Santo André”. A Direcção da altura é a seguinte:
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Chefe de Agrupamento – Luísa Marques
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Chefe Adjunto de Agrupamento – Pedro Barradas
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Chefe de Alcateia – Luísa Marques
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Chefe do Grupo Explorador Júnior – Pedro Barradas
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Chefe Adj. do Grupo Explorador Júnior – Isabel Letras
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Chefe do Grupo Explorador Sénior – Carlos Amaral
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Tesoureiro de Agrupamento – Carlos Amaral
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Secretário de Agrupamento – Pedro Barradas
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Aspirantes a Dirigentes – Joaquim Russo, Bárbara Russo e Germano Cunha.
As secções são filiadas com os seguintes registos na Junta Regional de Setúbal:
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Alcateia n.º 38
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Grupo Júnior n.º 40
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Grupo Sénior n.º 26
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O Clã não é filiado devido a uma falta de elementos e os que havia serviam junto das secções não podendo contar com um efectivo mínimo de duas equipas.
A 16 de Maio é decidido a criação de uma Comissão de Pais para um maior envolvimento destes no escutismo.
Trabalho e Pesquisa efectuada por Gonçalo Graça, antigo Dirigente do 927